MESTRE PROTETOR-{Anja Slave}

MESTRE PROTETOR-{Anja Slave}
Forever

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Parte : 2

SADE É sem dúvida um autor famoso. Para alguns, ele é um gênio que grita pela liberdade em meio ao século das Luzes (um Voltaire maníaco por sexo), para outros, mero tarado sexual com dotes literários medíocres. Apesar de tê-lo lido com alguma atenção e entender um pouco o que os especialistas veem nele, suspeito que, antes de tudo, seu sucesso se deu porque ele era um nobre "em desgraça" que escrevia pornografia pesada (quem não gosta?). Se ele estiver certo, somos todos tarados sexuais. Mas levemos a sério sua "crítica" e vejamos aonde ela nos levaria hoje.
Sade funda uma "tradição" que é ver no sexo algo além dele. Muitos o seguiram nessa suspeita de que sexo é mais do que sexo. O Sade político ou psicanalista é o mais famoso. Mas há um Sade "metafísico". Segundo sua metafísica, a Natureza é perversa e cruel e, portanto, a rigor, não há crime ou transgressão porque a regra é o crime e a transgressão. Nesse sentido, ele se aproxima muito dos cristãos antigos conhecidos como gnósticos, caras que afirmavam que o mundo foi criado por um deus mau. Segundo o que nos legou os críticos desses gnósticos, alguns deles se entregavam a todo tipo de sexo, menos o reprodutivo, como forma de desafio ao deus mau. Diriam eles: "Veja, oh! Miserável deus, você nos fez gostar de sexo para reproduzir suas vítimas, por isso fazemos apenas sexo estéril". Já há aqui algum indício da "sexualidade de protesto".
Mas o Sade político e psicanalista é mais fácil de circular em jantares inteligentes. Seus frequentadores são consumidores envergonhados de antidepressivos, não aturam pessimismo de gente grande como a metafísica de Sade. A política sadiana identifica na moral social a intenção de nos destruir pela repressão do desejo. Quem busca a "virtude", como sua personagem Justine, é objeto "feito" para ser torturado por uma sociedade que dá corpo à crueldade da Natureza louca. A revolta nesse caso é ser sexualmente "livre": transformar-se no libertino, ou seja, no torturador, identificando-se com a "regra da crueldade gostosa".
Já o Sade psicanalista é aquele que "pressente" o gozo da pulsão de morte como natureza essencial do animal louco que seríamos. Violência, revolução e gozo.
Depois dele, nunca mais fomos para cama com alguém sem levar junto Freud (mamãe e papai), Marx (e a ideologia de classe), Foucault (e a microfísica do poder invisível), enfim, haja cama grande para tanta gente. Não fazemos mais sexo, fazemos política e sintomas quando temos tesão por alguém. Confesso que no fundo acho esse papo de perversão sexual meio "boring" (um saco): bater, queimar, cortar, apanhar, ser queimado, ser cortado. A mesma lengalenga de sempre. A morte para um perverso é achá-lo entediante. Na realidade, a política sadiana hoje está espalhada em sites sado-maso banais.
Acho mais interessante imaginar o que Sade teria escrito hoje, se vivesse em nossa época, dada a delírios de uma nova "pureza". Imagine, caro leitor, que existem pessoas que "salvam" o mundo comendo alface! Um exército de rúculas! O que seria transgressivo no caso da "nova pureza"? Tiraria ele sarro do "pai Obama"? Ou talvez ele fumaria um cigarro no meio de um templo onde se reúnem os fascistas da saúde?
Mas tabaco faz mal! Claro que sim, mas ser violentada por cinco caras também faz mal. Fazer sexo nos telhados, como gatos, também faz mal. Por que achar que isso é libertador e fumar não? Vamos adiante, quem é o novo Sade? Que tal comer gordura trans? Ou será que a "ciência da comida saudável" já mudou de novo e agora comer gordura trans combate ataques cardíacos? Vejo um Sade gordo, dilacerando uma picanha em meio a um restaurante de comedores de rúculas. Chorariam? Ou o espancariam? Vaquinhas jamais, mas sádicos comedores de carne e fumantes merecem uma surra? Ou apenas desprezo e nojo? Os nazistas também eram defensores dos animais...
Sua Sodoma seria deliciosamente poluída, rindo das "medições" do aquecimento global. No lugar da teoria Gaia da "mãe terra", a "devoradora terra" gargalhando de nossa "devoção verde".
O Sade do sexo envelheceu. Hoje todo mundo acha chique achá-lo chique. O novo Sade é aquele que, talvez, debocharia de uma sociedade da saúde. O que nos humaniza são os vícios, não as virtudes. Temo pessoas que não têm vícios. O novo hipócrita é magérrimo, "verde" e antitabagista.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

BDSM NUMA VISÃO ANJA SLAVE: PARTE 1

Quando entrei para este mundo minha maior curiosidade era experimentar as práticas, vencer meus limites, viver a tão falada e comentada "Liturgia BDSM". Acredito que não somente eu, mas a maioria das submissas tem esse desejo dentro de si. Durante a negociação com um Dominador várias são as perguntas e discussões feitas entre ambas as partes sobre que práticas vão usar, e quais a submissa não aceita. Discutem-se temas em relação a Dominação Psicológica, Spanking, Dog Play, Velas, Exibição, Fisting, entre outros.
A submissa é mais cuidadosa ao se colocar - sempre tem as desgovernadas, claro- , de um modo geral, mesmo que ela se ache a tal, ela vai tomar cuidado pra não passar arrogância, soberba, imposição, nas palavras dela, nos colocamos mansamente mesmo que não sejamos tão mansas assim. E, na hora de discordar, procuramos essa mansidão nas palavras. Eventualmente soltamos uma ironiazinha, mas as mais inteligentes sabem fazer isso de forma graciosa. Submissa não usa os punhos - apenas as desgovernadas, repito
Não é fácil sair do estereótipo e buscar o seu desejo porque nós vivemos em função do desejo do Outro. Pra romper esse círculo faz-se necessário assumir dolorosamente isso em nós, que somos seres faltantes (todos somos seres faltantes) e aprender a aceitar, conviver com a falta.
A luta de escapar ao desejo do Outro… se fosse fácil escapar desse desejo haveriam menos nóias e noiados, se fosse ao menos fácil compreender esse movimento…

Escrevo do lugar da submissa que não possui interesse algum em errar e/ou desobedecer apenas e tão somente para ser castigada de qualquer forma, mesmo porque para mim há maneiras mais inteligentes e até diria ardilosas de se “testar” o domínio de um Dominador, sem necessariamente colocar meu couro em risco. Testar todo mundo testa seja Dom ou sub, observar a todo instante as ações/reações de seu objeto desejo é prática habitual (ou só eu ajo assim?).
Vejo o castigo como algo necessário numa relação BDSM, como algo que te desconstrói e reconstrói, te humilha, envergonha, te coloca em seu devido lugar, algo que te auxilia na tomada de consciência de seus atos, te auxilia a repensá-los. É um momento de dor e reflexão, de aprendizado e reconstrução.
Errar é humano, perdoar é Divino, mas há muitas e muitas submissas desavisadas que vêem seu Dono e Senhor como Deus… e eles são homens!!

dar a alguém a posse definitiva ou temporária de;
depor nas mãos de, confiar, depositar;
dar, restituir;
pagar, satisfazer;
v. refl.,
render-se;
confiar-se;
dedicar-se.
- a alma ao Criador: morrer;
- o jogo: ceder; ..........